quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Ensaios Sobre a Pobreza - I

“Beatus qui intelligit de egeno et paupere” (SL 41,1)


Como falar de pobreza se jejuar a vida toda “à pão e água” seria para nós o máximo da austeridade, ao passo que para milhões de homens, mulheres e crianças ter o “pão e água garantidos” já seria uma espécie de sonho? O que é que causa e mantém tal situação dos pobres, senão a desenfreada procura de riqueza e de comodidade por parte de alguns? Quem está em condições de compreender realmente os pobres e abraçar a causa deles ?
Certamente não sou eu. Falar deste assunto traze-me uma impressão de hipocrisia. Por isso, aproprio-me das palavras de São Gregório Magno que disse: “ Falarei, a fim de que a espada da Palavra de Deus, passando através de mim, chegue a trespassar o coração do próximo. Falarei para que a Palavra de Deus ressoe também contra mim, por meu intermédio,”
Não falarei da pobreza sem chegar a mim mesmo. Isso seria olhar no espelho, e não, olhar-se no espelho. Vamos postar-nos juntos frente ao espelho da Palavra de Deus e ali “ cada um examine a si mesmo”. São Francisco foi a verdadeira reforma da Igreja. Ele não polemizou contra a rica Igreja Hierárquica, tão pouco quis polemizar com os hereges, que polemizavam a Igreja. Absteve-se de todo julgamento ao alheio e centralizou-o em si mesmo.

Falaremos então como quem pertence a classe dos discípulos e não com autoridade.


Discorreremos então sobre duas pobrezas. A material e a espiritual. E no âmbito de cada uma delas, outras duas. Positiva e negativa.


1 – Pobreza Material Positiva. Que liberta e eleva. A pobreza como ideal evangélico a ser cultivado.


2 – Pobreza Material Negativa. Que desumaniza e deve ser combatida. A pobreza como condição social padecida.


3 – Riqueza Espiritual Positiva. Feita de humildade e confiança em Deus. O mais belo fruto da arvore da pobreza Bíblica: A riqueza dos pobres.


4 – Riqueza Espiritual negativa. A ausência dos bens do Espírito e dos verdadeiros valores humanos: a pobreza dos ricos.


São quatro meditações sob a luz do Espírito Santo, invocado como “Veni Pater Pauperum” a acolher com júbilo a alegre mensagem transmitida aos pobres.

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